Copiar é preciso. Viver não é preciso.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Renato Russo Entrevista


A gente está por um processo de desintoxicação
tá apararecendo tudo quanto é furunculo
claro que a gente pode morrer no processo,
mas eu vejo como um processo de desintoxicação
por mais ruim que a coisa esteja, hoje em dia a gente tem liberdade
e assim, isso quando eu to sendo otimista né,
quando eu to sendo pessimista, eu penso pois é né realmente a coisa vai fechar
mas acho que a gente não pode pensar por aí não
eu acho que ainda vai acontecer muita, muita coisa

a familia tá desestruturada, tá tudo desestruturado
hoje é muito, muito consumo e assim tá muito claro
essa questão da riquesa, se você tem dinheiro você consegue tudo
então não existem valores morais, não existem valores éticos
então esse pessoal facista, eles sempre voltam e vão retornar
esses valores de volta, tanto faz você falar assim, mas perai, eu
sou roqueiro, mas sabe, eu sou honesto eu sou digno eles não querem saber
disso, eles vão jogar deus na tua cara, na nossa cara, e fala tfp
a gente que organizar a tradição, família e propriedade.

isso é uma coisa muito curiosa,agora o que que acontece, cada vez mais
a classe média em todo o planeta tá sendo achatada, entendeu?
as pessoas todas que durante esses vinte anos, ou o que quer que seja,
ou pelo menos eu percebo assim, tudo que eu falo é só a minha opinião tá?,
mas por exemplo você que estudou pra ser médico, engenheiro, pra participa
da sociedade, você não tem mais aonde pisa, vê o homem brasileiro, o homem
brasileiro é educado pra que? pra trabalhar, pra manter a familia, pra derepente...
Primeiro não consegue um emprego descente.
Então derepente o filho que fazer um curso de alguma coisa, a esposa que
uma cortina nova, que fazer uma reforma.

- O edivaldo vamo arruma aqui assim.

- A direne, não dá, direne não dá!

E o que é que acontece? A familia está desestruturada.
Então, não é que eu seja contra familia ou contra a desestruturação.
Mas a gente ta vivendo um momento que a coisa mudou completamente e a gente
tá jogando com as regras de antigamente. Metade dos meus amigos é pai
solteiro ou mãe solteira, o casamento é uma instituição falida, Metade dos
meus amigos ainda moram com os pais, a não ser quem realmente batalhou alguma coisa.
Olha sabe, o que eu tenho de amigo que mora com os pais, e tem uma ligação absurda com
os pais, por causa de poder economico e tudo.
Então como você pode exigir, que derepente o cara chegue em casa, depois do trabalho,
sente e leia o seu jornal, e a dona de casa ficou preparando as coisas... não é assim que
funciona! A esposa vai ter que trabalha também, por que não dá pra segurar, entendeu?
Hoje em dia não dá pra manter aquelas coloniais, que a gente tinha que era: ter empregada,
ter dois carros, ter televisão. Pra manter um carro já um caos. Isso é uma coisa, um nível
de sociedade. Quer dizer, o estudante não pode estudar. Porque derepente o nível da universidade
tá pessimo. Os meus primos, pelo menos desistiram. Eles ficam em casa assistindo novela de tarde,
eu vou estudar pra que? Sabe? Pra ter um diploma? Na nossa época já era assim, né? Hoje em dia é pior,
você sai de lá com diploma e não vai conseguir emprego em lugar nenhum. Eles tão indo vender hamburger
no McDonnalds, ai eles pensam, pra vender hamburger no McDonnalds eu vou pegar sol na praia o tempo
todo e vou lá em determinado horário eu vou lá e faço. Quer dizer, e ainda a gente tá jogando com as regras
antigas, a gente tá tendo uma moral antiga e o mundo todo mudou.

E-Ode to Lone Gun 30



To break on thru
You needed 3 codes
To access your fast, new future….
The white of the long boxes
Lay in the synthetic air
Empty and eager
For the info-rich; the well-connected select.
The GUI you’d souped up; fully primed,
For the hidden space; it was the darkened place
To seek out, download and exec the correct face.


The Oracle’s implants you knew
Lay locked and idle, fast inside you
Pulling the sweat out;
It was not a full-proof zone
To go it alone
The data had some old bones
And only Hope10 said they’d been picked for you;
Some sympathetic SYS-Lord or Supa-man; a hacker-guru….
With the blessing of the Oracle.
You punched in the cool key sequence
Rattled some bones of your own
And the words were yours;
Ripped or copied out, razor-quick;
Pasted into the pocket of your sharp e-senses
Console-tuned.
Before any ghost trace glimmered up in the system;
Hawk-Mods zeroing in, to swoop down
Savagely.


For then you were gone, out-drifted,
User-proof and secret select;
Chanting the password;
Chanting the net charm same as the real: that it’s ‘who you know
Not what’ -
That helps a wired-in, fixated soul break out;
To make it
Phreaker/jacked; outbound
For higher levels of art and soft command,
Secreted and un-jaded; jamming forth
Unto the know-zones;
Education–weighed; a mind-tune set-up
Wet-modified; emblazoned
For the better control of worlds....

I see you Lone Gun, I see you sigh;
It falls down to me from some new high u ride….
And I expose my eyes;
We did hear false, brilliant chimes in our accelerated time -
So I raise my misty glasses unto you;
I expose my eyes;
I throw u this goodbye…….

.

.
from 'Gathered on This Beach'

sábado, 15 de setembro de 2007

Poetizar espaços é alargar o tempo


(Mundo Jovem p.8)
Vive-se, hoje, o tempo da não-poesia. O desmembramento entre magia e vida é uma das marcas de nossa era pós-moderna - era de fragmentação e fragilidade, em que a indústria cultural esmaga o ser humano. Em épocas como esta, é contraproducente o viver poético. Não é possível combinar a harmonia da palavra mítica, que rememora o paraíso perdido, ao caos dos dias em que vivemos. É o tempo-flecha, o tempo-ponto, abismado em si mesmo, sem fronteira nem horizontes.



Muitas vezes ouvi: “poesia não vende, para que insistir?”. Insistir é resistir. É ferramenta em nossas mãos. É contrapor-se aos ventos de agora! Coordeno um movimento que publicou 26 obras em três anos, todas de poesia. Apenas três não estão esgotadas. Criamos cooperativa de poetas. Reúnem-se cinco, dez e até mais de 100 poetas. Publicamos, dividimos em cotas e cada um vende os seus livros. Funciona, e é muito bom! Nos lançamentos, vários se reúnem, seguram o tempo nas mãos e controem uma supra-realidade: recitam, falam de suas vidas, criam e recriam o mundo despoetizado. Nossa vitória sobre o mundo mecanizado e capitalista é sorrir diante da obra que retém (no papel) e liberta (para o outro) o nosso dizer poético. A necessidade de se expressar poeticamente está calcada no ser humano desde tempos imemoriais.

Trabalho Inutil ?

Não trabalhar poesia nas escolas, é um reflexo da atual conjuntura. A escola, ainda que nem sempre o assuma, reproduz o sistema autoritário e dual. Há iniciativas (poucas, e algumas brilhantes) no sentido de questionar o sistema, enquanto que a maioria preocupase com a formação do indivíduo, quanto mais individualista melhor, com as arraigadas desculpas de que há poucas vagas, que só os primeiros as ocuparão. Criam-se personalidades descomprometidas com a solidariedade, incapazes de conviver harmonicamente entre diferentes. A escola justifica-se pelos concursos públicos e vestibulares.
Uma vez, orientando uma oficina de poesia na 5ª série, um grupo de mães reuniu-se e, entre outras coisas, pediram para não dar poesia, e dar coisas úteis para o vestibular... Na 5ª série? Fiquei perplexa!
Então, hoje já não é possível brincar com as palavras, educar a sensibilidade para apreciar e escrever, porque existe dali não sei quantos anos um monstro chamado vestibular e, em nome dele, quem sabe, essas mães não quereriam que seus filhos tivessem análise sintática na 5ª série?
Trabalhei numa escola em que se desenvolvia a pesquisa-participante (de verdade) Era lindo! Alunos e professores saíam às ruas, pesquisavam a realidade posta e os anseios daquela comunidade. Num segundo momento, os dados eram tabulados em papel pardo. E que cuidado se tinha para manter in natura a fala dos entrevistados, por respeito à sua forma de se expressar. Uma pesquisa mudava o planejamento de dois anos. Era um constante desafio problematizar as falas na sala de aula e, no final, devolver ações solidarias à comunidade. Mesmo assim, havia colegas que entendiam se uma perda de tempo “aquelas bobagens”. Bobagens que mudariam a vida daquelas pessoas... apenas!
Assim é a poesia para uns: uma bobagem! Palavras que falam pela simples ânsia de dizer que existem, pelo simples fato de serem palavras, sem qualquer outro porquê... Agindo dessa forma, o utilitarismo não consegue raptá-las para seu proveito. Elas fluem, pairam, às vezes veladas e, assim, dizem muito, sem quase nada dizer. Mas a poesia não serve, não cabe neste mundo retificado.
Não serve? Não cabe? E porque será que se lê Camões hoje, passados quase 500 anos? E, ao fazê-lo, sentimos uma grandeza de alma? E há quanto já vão esquecidos os cronistas daquela época? Documentos são questionados. Podem ser forjados. Há teses que se ocupam em saber se Homero realmente existiu, mas ninguém questiona da Idíada e da Odisséia, capazes de instaurar um tempo novo sempre que revistitadas.
A poesia é a extrema liberdade do ser, a palavra inquietante, perturbadora. Um amigo confessou-me: queria livrar-se da poesia. Já não era feliz... A poesia não cria uma geração de alegres sem causa. Cria seres profundos, capazes de ler além da letra impressa, além da palavra dita. Quem lê poesia, escreve poesia, questiona a poesia, não perde a possibilidade de refazer-se constantemente, ir ao encontro de si. E não é essa a arte da vida? A possibilidade de, estando no mundo, interferir criativamente sobre ele?
Então, para que a poesia? Porque ainda há tempo de instaurar no tempo um outro tempo. E é a escola (ou deve ser) a instituição capaz de descobrir a riqueza contida na palavra poética, Num trabalho constante e inquiridor, a escola é capaz de instaurar brisa, desmascarar a hipocrisia do tecido social e criar um ser que cristaliza um outro tempo em suas mentes e corações, contando com o poder transformador da palavra poética.


 

Edinara Leão,
professora estadual, poetisa,
coordenadora do Movimento VirArte,
em Santa Maria, RS.
Endereço eletrônico: edinaraleao@yahoo.com.br
Blog: http://edinaraleao.blogspot.com

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Embriaga-te


Embriaga-te (Charles Baudelaire)

Devemos andar sempre bêbados.
É a única solução.
Para não sentires o tremendo fardo do tempo que te pesa sobre os ombros e te verga ao encontro da terra, deves embriagar-te sem cessar.
Com vinho, com poesia, ou com a virtude.
Escolhe tu, mas embriaga-te.
E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas de uma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez atenuada, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que se passou, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala; pergunta-lhes que horas são: “São horas de te embriagares. Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem descanso. Como vinho, com Poesia ou com a virtude.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Deixando o pago


Deixando o pago
Vitor Ramil/João da Cunha Vargas

Alcei a perna no pingo
E saí sem rumo certo
Olhei o pampa deserto
E o céu fincado no chão
Troquei as rédeas de mão
Mudei o pala de braço
E vi a lua no espaço
Clareando todo o rincão

E a trotezito no mais
Fui aumentando a distância
Deixar o rancho da infância
Coberto pela neblina
Nunca pensei que minha sina
Fosse andar longe do pago
E trago na boca o amargo
Dum doce beijo de china

Sempre gostei da morena
É a minha cor predileta
Da carreira em cancha reta
Dum truco numa carona
Dum churrasco de mamona
Na sombra do arvoredo
Onde se oculta o segredo
Num teclado de cordeona

Cruzo a última cancela
Do campo pro corredor
E sinto um perfume de flor
Que brotou na primavera.
À noite, linda que era,
Banhada pelo luar
Tive ganas de chorar
Ao ver meu rancho tapera

Como é linda a liberdade
Sobre o lombo do cavalo
Ouvir o canto do galo
Anunciando a madrugada
Dormir na beira da estrada
Num sono largo e sereno
E ver que o mundo é pequeno
E que a vida não vale nada



O pingo tranqueava largo
Na direção de um bolicho
Onde se ouvia o cochicho
De uma cordeona acordada
Era linda a madrugada
A estrela d'alva saía
No rastro das três marias
Na volta grande da estrada

Era um baile - um casamento
Quem sabe algum batizado
Eu não era convidado
Mas tava ali de cruzada
Bolicho em beira de estrada
Sempre tem um índio vago
Cachaça pra tomar um trago
Carpeta pra uma carteada

Falam muito no destino
Até nem sei se acredito
Eu fui criado solito
Mas sempre bem prevenido
Índio do queixo torcido
Que se amansou na experiência
Eu vou voltar pra querência
Lugar onde fui parido

Mon Coeur Mon Amour


Mon Coeur Mon Amour
Anaïs

Mon coeur, mon amour, mon amour, mon coeur {x2}

Ca dégouline d'amour,
C'est beau mais c'est insupportable.
C'est un pudding bien lourd
De mots doux à chaque phrases :

"Elle est bonne ta quiche, amour"
"Mon coeur, passe moi la salade"
Et ça se fait des mamours,
Se donne la becquée à table.

Ce mélange de sentiments
Aromatisé aux fines herbes
Me fait sourire gentiment
Et finalement me donne la gerbe !

Je hais les couples qui me rappellent que je suis seule !
Je déteste les couples, je les hais tout court !
Mon coeur, mon amour, mon amour, mon coeur {x2}

C'est un épais coulis
Ca me laisse le cul par terre
Autant de mièvrerie
Nappée de crème pâtissière

"Coucou qu'est ce que tu fais mon coeur ?"
"La même chose qu'y a une demie heure... "
"J' t'ai appelé y a cinq minutes mon ange mais ça répondait pas...
Alors j' t'ai rappelé... pour la douzième fois de la journée...
En niquant tout mon forfait...
Mais qu'est ce que tu fais mon adoré ?
Ouais je sais on se voit après...
Non c'est toi qui raccroches... Non c'est toi...
Non c'est toi qui raccroches... Non c'est toi...
Non c'est toi... C'est toi ... Bon d'accord je te rappelle... "

Je hais les couples qui se rappellent quand je suis seule !
Je déteste les couples, je les hais tout court !
Mon coeur, mon amour, mon amour, mon coeur {x2}

Pyjama


Pyjama
Dionysos
1999 "Haïku"


{x4:}
Je n'ai jamais mangé
De pyjama
Aussi doux que le tien,
Aussi doux que le tien.

La métamorphose de Mister Chat


La métamorphose de Mister Chat
Dionysos
2005 "Monsters in love"

Hier, j'ai parlé avec une sorcière
On a discuté football et poésie, hier
Puis je lui ai dit que j'aimerais qu'elle m'apprenne
A kidnapper son mini-mini-mini-mini derrière.
Alors elle m'a transformé en chat comme ça,
Petit roux tigré, les dents cassées,
Genre chat de gouttière.

Depuis je me promène sur les toits
Je crie "C'est moi, c'est moi
Vous ne me reconnaissez pas, non ?"
Même mes amis me crient
"Ta gueule, le chat ! Ta gueule, le chat ! Ta gueule, le chat !"

Avec ses petits airs d'arbres en fleur,
J'ai eu envie de lui grimper dans les bras, voilà !

Tu aurais dû commencer par ça,
Tu aurais dû te méfier de moi,
Tu aurais dû arrêter de scruter la noisette
Qui me sert de bouche,
Te voilà avec une gueule de chat
A funambuler sur les toits
Avec la lune comme lampe de chevet
Et personne pour te laisser rentrer chez toi.

Au conditionnel


Au conditionnel
Matmatah

J'ai passé tant de nuits à briller sous mille soleils
A butiner les fleurs de ma bohème
Et pour rien au monde, je n'changerai le goût de ce miel
Mais voilà, vous me posez un sérieux problème
Non pas que vous ayez changé la couleur de mon ciel
Mais les choses aujourd'hui ne sont plus les mêmes
Et c'est non sans regret que j'ai eu vent de la nouvelle.

Une information à mettre au conditionnel,
Mais il semblerait bien que je vous aime.

Et même si la rumeur se fait de plus en plus belle
Et qu'elle crie sous mon toit que vous êtes une crème
S'il devient évident que vous semblez être celle
J'ai le coeur enchaîné à mon vieux théorème
C'est à mon grand regret que je n'peux que vous l'énoncer comme tel.

Une information à mettre au conditionnel,
Mais il semblerait bien que je vous aime.

Faut-il que je songe enfin à me brûler les ailes ?
Ne croyez surtout pas que j'en ai la flème
C'est sans doute par crainte que je chasse le naturel
Mais il tombe dans vos bras.
C'est commun, les mortels
Bientôt je serai prêt, je serai l'homme le plus formel.

Une information à mettre au conditionnel,
Mais il semblerait bien que je vous aime.

Quem sou eu

Minha foto
Eu sou um eterno amante pelo novo, pelo revolucionário, pelo simples, pelo inovador, pelas mentes abertas. Amo poesia, seja escrita, vista ou vivida. Não tenho tudo que amo, mas amo tudo que tenho. As vezes nos silêncios somos abraçados por Deus.