Copiar é preciso. Viver não é preciso.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Chega de Saudade

Tom Jobim
Composição: Tom Jobim e Vinícius

Vai minha tristeza,
e diz a ela que sem ela não pode ser,
diz-lhe, numa prece
Que ela regresse, porque eu não posso Mais sofrer.
Chega, de saudade
a realidade, É que sem ela não há paz,
não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas se ela voltar,
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei
Na sua boca,
dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos, e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim.
Não quero mais esse negócio de você longe de mim...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Nada a declarar - Gustavo Acioli

Por Gustavo Acioli 19/09/2007 às 12:44

DIÁLOGOS DO CURTA de ficção NADA A DECLARAR, 2003, de Gustavo Acioli ? que trata do alienante e mediocre momento brasileiro. O curta é de ficção, mas o texto é bem revelador da realidade nacional.




por Gustavo Acioli





jornalista
Eu queria que você começasse definindo a si mesmo.

artista
Eu sou um sonhador. Acima de tudo, um sonhador. Todas as vezes que fui feliz na vida, foi quando eu me permiti sonhar, delirar, inventar as coisas. Sonhar com um mundo melhor, com um país melhor... Imaginar como vai ser quando tudo for diferente, quando eu tiver conseguido realizar meus sonhos. Me imagino dando entrevista, explicando, contando como tudo aconteceu. O sonho, ele te empolga. Você começa a acreditar naquilo, te dá uma coragem, uma força. Agora, toda vez que eu tentei me adequar à realidade, eu fui extremamente infeliz, sabe. Você começa a pensar nas dificuldades, em tudo que pode dar errado... é a sabedoria dos medíocres. A segurança, o bom senso. Você não pode ousar, tentar fazer diferente. Quando você depende do reconhecimento alheio é uma merda, porque você não pode simplesmente existir, a sociedade é que tem que dizer que você merece existir e ser feliz! E é nisso aí que os medíocres dominam, porque eles são a maioria. Então, isso aqui virou o Império da Mediocridade. Bom é ser igual! Bom é ser ruim! É por isso que rapidamente o sujeito tem que ser capaz de desenvolver um certo cinismo pra poder sobreviver. O cinismo é como uma vacina. Na vacina, a pessoa é infectada por um vírus inócuo pra desenvolver a imunidade contra o vírus de verdade. O cinismo é assim: você fica meio acanalhado pra poder não adoecer no contato com a canalhice. O sujeito chega aos 30 anos e já é um amargurado, pelo simples fato de ser brasileiro. Porque ele vive numa realidade que é antibiótica, massacrante.

jornalista
Mas você não acha que as coisas podem melhorar?

artista
Olha, as chances das coisas melhorarem são, no máximo, iguais às chances das coisas piorarem. O problema é que a gente vive numa merda tão grande que as pessoas precisam se agarrar a uma esperança, acreditar em alguma coisa, pra não se matar, ou pra não entrar em depressão profunda. A religião, por exemplo, é um antidepressivo igual a esses remédios que dão aí pros malucos, que o cara fica todo bobo: Jesus... Jesus... Acaba com o cérebro do sujeito. Passa a ter só vida funcional: acorda todo dia de manhã, pega o ônibus, vai pro trabalho... No trabalho ele só tem que fazer operações básicas, tá tudo nas cartilhas, nos manuais, ninguém precisa inventar nada, porque os gringos já pensam em tudo por nós, é só copiar o que eles fazem. É só traduzir mal traduzido os manuais que vêm de lá. É tudo assim. A novela, toda essa babaquice da TV, é tudo antidepressivo. É tudo droga, tudo tem efeito psíquico. Daí tem a dose de jornalismo que é pra dar aquele choque pra dose de novela que vem depois fazer mais efeito. E é aquele jornalismo de merda, né. O cara tá ali sério, compenetrado, querendo se informar pra saber das coisas e tá sendo feito de palhaço, de otário, sendo manipulado, imbecilizado do mesmo jeito. É o imbecil bem informado. Tudo é entorpecente. Marx dizia mais ou menos isso, só que ele nunca poderia imaginar que o próprio marxismo seria o ópio de muita gente também. Eu fumo só de sacanagem. Nego fica dizendo: quem fuma é isso, quem fuma é aquilo. Vá se fudê! É um fascismo do caralho, porra!

jornalista
Você não acha que esse teu discurso não leva ninguém a lugar nenhum?

artista
Que discurso?

jornalista
Isso que você tava falando antes.

artista
Acho. É verdade, acho sim.

filho
Pai! Você tá demorando muito pra gente ir pra piscina.

artista
Ô, filho! Já tô indo, tá? O papai tá trabalhando. Já tô indo. Vai lá com a mamãe que eu já vou. Esse aí eu botei na Lei de Incentivo à Cultura. É sério! Eu fiz um projeto de documentário pra acompanhar o crescimento dele e aprovei no ministério. É sério!

jornalista
E como é que todas essas questões que te tocam tanto, que te deixam assim tão exaltado, afetam o teu trabalho de artista?

artista
Agora eu tô passando por uma crise muito grande, sabe. Mas não é crise de criatividade. É crise temática. Eu não tenho nada pra dizer... Porra, eu sou homem, heterossexual, branco, tenho grana... Eu vou falar do quê? Eu penso muito nisso. De amor? Amor é o caralho! Daí, você vai dizer: mas você é brasileiro, já não basta? Eu sei, eu ando pelas ruas. Eu vejo TV, porra! Eu vejo uma criança na rua pedindo dinheiro, isso me comove, me revolta. Mas, daí, eu vou falar o quê? Isso tá errado, isso não pode, isso me deixa triste? Vou xingar o presidente, deus e o mundo? Tá entendendo? Eu vejo o sofrimento, mas eu, particularmente, não sofro. E eu acho uma pretensão muito grande falar em nome dos pobres, falar em nome dos outros. É aquela história dos intelectuais dos anos 60, né, Cinema Novo! Falar em nome do povo. Falar pro povo as coisas que ele tem que saber pra se libertar. É ridículo! Os pobres, os discriminados, os oprimidos sabem dizer sozinhos, sabem se expressar sozinhos, não precisam da arrogância de um cara branco e bem alimentado como eu. E digo mais: estão achando suas próprias soluções, independentemente do Estado, dessa imprensa calhorda e dos intelectuais. Então, pra quem é representante de uma classe falida, como eu, representante de um projeto falido, o que me resta é observar o povo. E olha aqui a contradição, ó. O intelectual brasileiro, os ricos deste país, dizem o povo, quando, na verdade, tão se referindo só aos pobres. Tá vendo? Eu mesmo acabei de cometer esse ato falho agora. Quer dizer, não existe um Povo Brasileiro do qual todos fazem parte. Povo são os pobres. Os ricos são outra coisa. Então, eu não vou falar de fome, porque eu não sei o que é fome. Falar em nome dos que têm fome? Eu considero um desrespeito, uma afronta, eu falar de fome pra quem tem fome, ou em nome dos que têm fome. Eu não vou falar de revolta com a polícia, porque a polícia não me pára, não me revista, não me bate. Quando um policial tem que falar comigo, ele me chama de doutor, entendeu? Então, eu tenho é que ficar na minha, e ver se acho alguma coisa boa pra dizer. Por enquanto, eu ainda não achei nada. E quem não tem nada pra dizer tem mais é que ficar calado. Quer um queijo? Não?

jornalista
Bom... Obrigada. Foi ótimo ter você aqui.


Gustavo Acioli é cineasta, compositor e cantor ? seu cd, Eu, camelô de mim pode ser adquirido no site do autor: www.acioli.com



URL:: http://www.acioli.com

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Best Of You

Foo Fighters

Composição: Indisponível

I've got another confession to make
I'm your fool
Everyone's got their chains to break
Holding you
Were you born to resist?
Or be abused?

Is someone getting the best, the best, the best, the best of you?
Is someone getting the best, the best, the best, the best of you?

Or are you gone and on to someone new?
I needed somewhere to hang my head
Without your noose
You gave me something that I didn't have
But had no use
I was too weak to give in
Too strong to lose
My heart is under arrest again
But I'll break loose
My head is giving me life or death
But I can't choose
I swear I'll never give in
I refuse

Is someone getting the best, the best, the best, the best of you?
Is someone getting the best, the best, the best, the best of you?

Has someone taken your faith?
It's real, the pain you feel
Your trust?
You must confess
Is someone getting the best, the best, the best, the best of you?

Oh...
Oh, Oh...
Oh, Oh...

Has someone taken your faith?
It's real, the pain you feel
The life, the love you'd die to heal
The hope that starts the broken heart
Your trust?
You must confess

Is someone getting the best, the best, the best, the best of you?
Is someone getting the best, the best, the best, the best of you?

I've got a another confession, my friend
I'm no fool
I'm getting tired of starting again
Somewhere new
Were you born to resist or be abused?
I swear I'll never give in
I refuse

Is someone getting the best, the best, the best, the best of you?
Is someone getting the best, the best, the best, the best of you?

Has someone taken your faith?
It's real, the pain you feel
Your trust?
You must confess
Is someone getting the best, the best, the best, the best of you?
Oh...
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O Melhor de Você

Eu tenho outra confissão a fazer
Eu sou o seu tolo
Todos têm correntes para quebrar,
Segurando você
Você nasceu para resistir?
Ou ser abusado?

Alguém está tirando o melhor, o melhor, o melhor, o melhor de você?
Alguém está tirando o melhor, o melhor, o melhor, o melhor de você?

Você se foi e está com outra pessoa?
Eu precisava de um lugar para me enforcar
Sem o seu laço
Você me deu algo que eu não tinha
Mas que não teve uso
Eu estava fraco demais para desistir
E forte demais para perder
O meu coração está preso de novo
Mas eu fujo
A minha cabeça me oferece vida ou morte
Mas eu não consigo escolher
Eu juro que nunca vou desistir
Eu me recuso

Alguém está tirando o melhor, o melhor, o melhor, o melhor de você?
Alguém está tirando o melhor, o melhor, o melhor, o melhor de você?

Alguém tirou a sua fé?
É real, a dor que você sente?
Você confia?
Confesse

Alguém está tirando o melhor, o melhor, o melhor, o melhor de você?

Oh...
Oh, Oh...
Oh, Oh...

Alguém tirou a sua fé?
É real, a dor que você sente?
A vida, o amor, você morre para se curar
A esperança que dispara os corações partidos
Você confia?
Confesse

Alguém está tirando o melhor, o melhor, o melhor, o melhor de você?
Alguém está tirando o melhor, o melhor, o melhor, o melhor de você?

Eu tenho outra confissão, meu amigo
Eu não sou tolo
Estou ficando cansado de começar de novo
Em um lugar novo
Você nasceu para resistir ou para sofrer abusos?
Eu juro que nunca vou desistir
Eu me recuso

Alguém está tirando o melhor, o melhor, o melhor, o melhor de você?
Alguém está tirando o melhor, o melhor, o melhor, o melhor de você?

Alguém tirou a sua fé?
É real
A dor que você sente?
Você confia?
Confesse
Alguém está tirando o melhor, o melhor, o melhor, o melhor de você?
Oh...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Luvas Verdes

Silvério Pessoa

Composição: Indisponível

Nós somos as luvas verdes
A gente vem te pegar
Nós somos as luvas verdes
A gente vem te pegar

Fantasia, contos de outros cantos
Imaginação
Da alma escondida dentro da menina
Surge um coração

Nós somos as luvas verdes
A gente vem te pegar
Nós somos as luvas verdes
A gente vem te pegar

Fantasias, contos de outros cantos
Imaginação
Da alma escondida dentro da menina
Surge um coração

A música da vida lembra a criança
A vida é perene como a infância
Dorme hoje, amanhã é outro dia
Dia de viajar pelas histórias das nossas cidades

A música da vida lembra a criança
A vida é perene como a criança
Dorme hoje, amanhã é outro dia
Dia de viajar pelas estórias da nossa cidade

Nós somos as luvas verdes
A gente vem te pegar
Nós somos as luvas verdes
A gente vem te pegar

Nós somos as luvas verdes
A gente vem te pegar
Nós somos as luvas verdes
A gente vem te pegar

Enquanto Houver Sol

Titãs - Composição: Sérgio Britto

Quando não houver saída
Quando não houver mais solução
Ainda há de haver saída
Nenhuma idéia vale uma vida...

Quando não houver esperança
Quando não restar nem ilusão
Ainda há de haver esperança
Em cada um de nós
Algo de uma criança...

Enquanto houver sol
Enquanto houver sol
Ainda haverá
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol...

Quando não houver caminho
Mesmo sem amor, sem direção
A sós ninguém está sozinho
É caminhando
Que se faz o caminho...

Quando não houver desejo
Quando não restar nem mesmo dor
Ainda há de haver desejo
Em cada um de nós
Aonde Deus colocou...

Enquanto houver sol
Enquanto houver sol
Ainda haverá
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol...(3x)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

EU

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... A dolorida...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!
(Florbela Espanca - Livro de Mágoas)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Aves de paso

Yo, mi, me, contigo

A las peligrosas rubias de bote
que en relicario de sus escotes
perfumaron mi juventud.

Al milagro de los besos robados
que en el diccionario de mis pecados
guardaron su pétalo azul.

A la impúdica niñera madura
que en el mapamundi de su cintura
al niño que fuí espabiló.

A la flor de lis de las peluqueras
que me trajo el tren de la primavera
y el tren
del invierno me arrebató.

A las flores de un día
que no duraban,
que no dolían,
que te besaban,
que se perdían.

Damas de noche
que en asiento de atrás de un coche
no preguntaban
si las querías.
Aves de paso,
como pañuelos cura-fracasos.

A la misteriosa viuda de luto
que sudó conmigo un minuto
tres pisos en ascensor.

A la intrépida “cholula” argentina
que en el corazón con tinta china
me tatuó “peor para el sol”.

A las casquivanas novias de nadie
que coleccionaban canas al aire
burlón de la “nit de Sant Joan”.

A la reina de los bares del puerto
que una noche depués de un concierto
me abrió
su almacén de besos con sal.

A las flores de un día
que no duraban,
que no dolían,
que te besaban,
que se perdían.

Damas de noche
que en asiento de atrás de un coche
no preguntaban
si las querías.

Aves de paso,
como pañuelos cura-fracasos.
A Justine, a Marylin, a Jimena,
a la Mata-Hari, a la Magdalena,
a Fátima y a Salomé.

A los ojos verdes como aceitunas
que robaban la luz de la luna de miel
de un cuarto de hotel, dulce hotel.

A las flores de un día
que no duraban,
que no dolían,
que te besaban,
que se perdían.

Damas de noche
que en asiento de atrás de un coche
no preguntaban
si las querías.

Aves de paso,
como pañuelos cura-fracasos.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

História da Menininha

(Gisele De Santi)

Eu sou só a menininha
Eu sou só a menininha da história, porque

Como é que eu vou saber
O que eu vou fazer amanhã?
Se o que eu quero é ser feliz,
Hoje, sempre, até de manhã
Me dá um abraço, me beija a boca

Que é pra eu saber
Se tu me quieres cariño
Vem pro meu lado
Não se sinta tão sozinho
Me dá um abraço, me beija a boca

Eu sou só a menininha
Eu sou só a menininha da história, porque

Eu só queria brincar com a vida
E ela me deu uma ferida, uma ferida
Por favor, cicatriza...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Primavera

"Aprendi com as Primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira." (Cecília Meireles)


A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.


Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.

Canção Do Sol

(Gisele De Santi)


A gente ri do amor
Quando ele não vem
Duvida que nesse mundo existe alguém
Como você, que é tudo o que eu duvidei
Teu cheiro vem do céu
Teu sorriso também
Me pega de um jeito, me faz um bem
Meu sonho é você e até hoje eu não acordei
Amanheço do teu lado
O sol dá um recado em forma de canção
Quero sempre essa felicidade
Se for pra ter saudade
Que não doa... no coração

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

não faz diferença
se você vem amanhã
ou não vem
desisti de esperar
por alguém
cuja ausência
me faz companhia

Martha Medeiros

terça-feira, 11 de novembro de 2008

CÓDIGO de ÉTICA dos ÍNDIOS Norte-Americanos

Levante-se com o Sol para orar. Ore sozinho. Ore com freqüência.

O GRANDE ESPÍRITO o escutará, se você ao menos, falar!

Seja TOLERANTE com aqueles que estão perdidos no caminho.

A ignorância, o convencimento, a raiva, o ciúme e a avareza, originam-se de uma alma perdida.

Ore para que eles reencontrem o caminho do Grande Espírito.

Procure conhecer-se, por si mesmo.

Não permita que outros façam seu caminho por você.

É sua estrada, e somente sua!

Outros podem andar ao seu lado, mas ninguém pode andar por você!

Trate os convidados em seu lar com muita consideração. Sirva-os com o melhor alimento, a melhor cama e trate-os com respeito e honra.

Não tome o que não é seu.

Seja de uma pessoa, da comunidade, da natureza, ou da cultura.

Se não lhe foi dado, não é seu!

Respeite todas as coisas que foram colocadas sobre a Terra.

Sejam elas pessoas, plantas ou animais.

RESPEITE os pensamentos, desejos e palavras das pessoas.

Nunca interrompa os outros nem os ridicularize, nem rudemente os imite.

Permita a cada pessoa o direito da expressão pessoal.

Nunca fale dos outros de uma maneira má. A energia negativa que você colocar para fora no Universo, voltará multiplicada PARA VOCÊ !

Todas as pessoas cometem erros. E todos os erros podem ser perdoados!

Pensamentos maus causam doenças da mente, do corpo e do espírito. Pratique o OTIMISMO !

A NATUREZA não é para nós, ela é uma parte de nós. Toda a natureza faz parte da nossa FAMÍLIA TERRENAL.

As CRIANÇAS são as sementes do nosso futuro.

Plante amor nos seus corações e regue com sabedoria e lições da vida.

Quando forem crescidos, dê-lhes espaço para que continuem CRESCENDO!

Evite machucar os corações das pessoas.

O veneno da dor causada a outros, retornará à você.

Seja sincero e verdadeiro em todas as situações.

A honestidade é o grande teste para a nossa herança do Universo.

Mantenha-se equilibrado. Seu corpo Espiritual, seu corpo Mental, seu corpo Emocional e seu corpo Físico, todos necessitam ser fortes, puros e saudáveis.

Trabalhe o seu corpo Físico para fortalecer o seu corpo Mental.

Enriqueça o seu corpo Espiritual para curar o seu corpo Emocional.

Tome decisões conscientes de como você será e como reagirá.

Seja responsável por suas próprias ações.

Respeite a privacidade e o espaço pessoal dos outros.

Não toque as propriedades pessoais de outras pessoas, especialmente objetos religiosos e sagrados. Isto é proibido.



Comece sendo verdadeiro consigo mesmo. Se você não puder nutrir e ajudar a si mesmo, você não poderá nutrir e ajudar os outros.

Respeite outras crenças religiosas.

Não force as suas crenças sobre os outros.

Compartilhe sua boa fortuna com os outros.

Participe com caridade.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Comprimidos (nova Versão)


Wonkavision

Qual a cor dos comprimidos?
Quase sempre tomo errado
Uso antidepressivos
Pra fingir que sou normal

Preciso do equilibrio perfeito dos meus químicos
Para evitar a reação que causa confusão

Nasci em 79
Na escola sempre fui popular
Sem idéia do que quero
Meu mundo é um sofá

Minha geração tem falhas de caráter contínuo
Sou tão mimada por meus pais que já não aguento mais

Projeto alguém centrada
Enquanto morro por dentro
Com meus amigos não falo
Sobre o que penso em fazer

E então surto em silêncio, eu e meus comprimidos
Quando ver do que sou capaz, será tarde demais

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Vulcão


Como se fosse algo natural
ter tais idéias em sintonia
como se houvessem sido escolhidas
houve algo íntimo e sutil
entre dois cérebros parecidos
duas mentes analíticas
sinceras e expansivas
numa interlocução fértil
e humanamente simples
como se afinadas com maestria,
assim vi os lindos olhos profundos
brilharem vividamente
e num segundo previ
o estrondo que me envolveria
tão naturalmente
tão intensamente
tão surpreendentemente
estimulando o lento mas intenso
movimento já esquecido
de um vulcão adormecido
como algo instintivo
mas absolutamente natural.

by dani weber 2008

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Posso colocar meu coração aos teus pés...


- Posso colocar meu coração aos teus pés?
- Só se não sujar o meu chão.
- Mas meu coração é limpo.
- É o que veremos.
- *força* ...mas é que eu não consigo tirar.
- Quer que eu ajude?
- Se não for te incomodar...
- É um prazer para mim. *força* ...Eu também não consigo tirar.
- *Chora*
- Vou operar e tirar para ti. Para isso tenho um canivete bem aqui...
vamos dar um jeito já, ok? Trabalhar e não desesperar....
Pronto ? aqui está, mas hey... isto é um tijolo. Teu coração é um tijolo.
- Mas é só por ti que ele bate.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Zôo


Karnak
Composição: André Abujmara/Théo Werneck

Oi como que ce tá?
Eu não tô legal aqui nesse lugar
Oi comment allez vous?
Eu sou o gorila preso aqui no zôo

Quanta criança meu Deus comendo cachorro-quente
Só elas entendem a dor que meu coração sente
Minha macaca se foi, minha esperança também
Vocês me olham e eu olho vocês

Zôo zôo zôo só tatu tu do
Zôo homem nu

Oi como que ce ta?
Eu não tô legal aqui nesse lugar
Hi how are you?
Eu sou o leão preso aqui no zôo

Eu era o rei na floresta agora nada me resta
Vou ficar pra sempre preso aqui
Ficam me fotografando acham que estou gostando
Mas minha alma não sabe sorrir

Zôo zôo zôo só tatu tu do
Zôo homem nu

Oi como que ce ta?
Eu não tô legal aqui nesse lugar
Oi como que tá tu?
Eu sou uma arara presa aqui no zôo

Minha plumagem é linda mas por dentro estou cinza
Quero voltar voando pra casa
Nem todo bicho é preso e de invejar quase morro
Por que não prendem o gato e o cachorro?

Tira os bichos do zôo, tira os bichos do zôo
Põe o homem na jaula, põe o homem nu.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Embriaga-te


(Charles Baudelaire)

Devemos andar sempre bêbados.
Tudo se resume nisto: é a única solução.
Para não sentires o tremendo fardo do Tempo que te despedaça os ombros e te verga para a terra, deves embriagar-te sem cessar. Mas com quê?
Com vinho, com poesia ou com a virtude, a teu gosto. Mas embriaga-te.
E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas duma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que se passou, a tudo o que gemeu, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunta-lhes que horas são: "São horas de te embriagares!"
Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem cessar! Com vinho, com poesia, ou com a virtude, a teu gosto.

Quem sou eu

Minha foto
Eu sou um eterno amante pelo novo, pelo revolucionário, pelo simples, pelo inovador, pelas mentes abertas. Amo poesia, seja escrita, vista ou vivida. Não tenho tudo que amo, mas amo tudo que tenho. As vezes nos silêncios somos abraçados por Deus.